O Fogaréu é uma procissão religiosa de suposta origem ibérica, realizada na Cidade de Goiás na madrugada da Quarta-feira de Trevas para a Quinta-feira Santa. Reúne todo ano milhares de pessoas, devotos, moradores e turistas de todo Brasil interessados em conhecer a procissão. Trata-se de uma encenação da perseguição e captura de Cristo: os Farricocos, encapuzados e munidos de tochas, saem à procura de Cristo partindo da Igreja da Boa Morte em direção ao Santuário de Nossa Senhora do Rosário. Neste momento as escadarias do Rosário representam o local da Santa Ceia. De lá seguem para a Igreja de São Francisco de Paula que representa o Jardim das Oliveiras, onde o Cristo é então capturado pelos seus carrascos, os Farricocos, representação dos soldados romanos. Ali a captura de Cristo é anunciada com o toque do clarim e um estandarte com a bandeira da imagem de Cristo passa a ser carregado como representação de seu aprisionamento. Toda a perseguição é acompanhada por um grupo de percussionistas, uma fanfarra que toca marchas em instrumentos marciais – surdos, caixa e tarol. São três toques que ditam o ritmo da procissão, lento, andante e rápido.

Durante a procissão, depois da prisão de Cristo, é entoado o Moteto dos Passos, de autoria do compositor Vilaboense do séc. XIX, Basílio Martins Braga Serradourada. O moteto foi supostamente escrito por ele em 1855. As atuais vestes dos Farricocos foram idealizadas e desenhadas pela artista plástica e integrante da OVAT (Organização Vilaboense de Artes e Tradições), Goiandira do Couto, na década de 1960. A procissão do fogaréu é para-litúrgica, uma expressão do catolicismo popular, misto de dramatização com cortejo religioso e ocorre todos os anos na Cidade de Goiás. Foi supostamente introduzido pelo Padre espanhol João Perestelo de Vasconcellos Espíndola no séc. XVIII, e hoje em dia é mantida pelos moradores com grande apoio dos membros da OVAT e da Irmandade dos Passos.

