Cantoria de Viola

A Cantoria de Viola é uma expressão cultural que veio do nordeste brasileiro, caracterizada pela improvisação de versos ao som da viola. Este canto poético improvisado difere-se de outros repentismos nordestinos, como o Côco de Embolada, o Maracatu de Baque Solto, o Aboio, e as formas de Samba de Roda. Na Cantoria, os repentistas tocam viola, improvisam a poesia e cantam em dupla, revezando-se na criação de estrofes compostas necessariamente a partir de determinadas modalidades, também chamadas de estilos ou gêneros. Cada modalidade segue uma forma fixa com regras rígidas de métrica e rima e oração (coerência temática dos versos), e podem ser cantadas em diferentes “toadas” (melodias). Podem ser cantadas em diferentes toadas, mas ao iniciar uma modalidade sobre uma toada, costuma-se seguir naquela mesma melodia.

A integração do público é muito importante na Cantoria de Viola. A plateia frequentemente é quem propõe a temática ou o gênero, e é chamado de apologista o ouvinte especializado (frequentador assíduo, conhece as modalidades, sabe dar um mote, etc). A satisfação do público é o principal catalisador da improvisação dos poetas e é decisiva para a dinâmica da cantoria, balizando também a competitividade entre os cantadores. A disputa é o fundamento da cantoria e, mesmo quando os repentistas não estão versando para difamar o outro ou enaltecer a si mesmo, está implícito o embate entre os dois, buscando tecer estrofes melhores que as do companheiro, na eterna e efêmera busca do “verso grande”.

Não é possí­vel determinar com absoluta certeza a origem exata da Cantoria de Viola, mas acredita-se que esta arte, tal como é conhecida atualmente, formatou-se ao longo do século XIX entre o Pernambuco e a Paraí­ba – nas cercanias do Vale do Pajeú (PE) e da Serra do Teixeira (PB). Dali foi se modificando e se consolidando por todo o nordeste até se tornar uma arte “afamada” e de grande importância na identidade cultural nordestina, a ponto de estar presente hoje em todo o território brasileiro, sobretudo nas metrópoles nacionais onde ocorreram grandes migrações de nordestinos. No Distrito Federal, ainda se vê eventos privados tradicionais, chamados pé-de-parede, e cantorias em feiras, especialmente a da Guariroba, na Ceilândia, e a do Pedregal, no Gama. Já no formato moderno da cantoria, em palcos e auditórios, a capital federal está no circuito nacional de festivais e eventos de grande porte, através do renomado “Palácio da Poesia”: a Casa do Cantador, na Ceilândia.

1. A Mata Já Foi Abaixo – Raulino Silva e Ismael Pereira – Casa do Cantador – 09.12.2017
2. Boi da Cajarana – Antônio Pereira e Pintasilva – Feira do Pedregal – 21.05.2017
3. Gabinete – Messias de Oliveira e Geraldo Queiroga – Feira da Guariroba – 09.04.2017
4. Galope à Beira Mar – Irmãos Silva – Casa do Cantador – 14.07.2017
5. Gemedeira – Pintasilva e Nelson Martins – Feira do Pedregal – 21.05.2017
6. Martelo Agalopado – Chico de Assis e João Santana – Arraiá CCBB – 10.06.2017
7. Martelo Alagoano – Valdir Teles e Zé Cardoso – Casa do Cantador – 30.06.2017
8. Mote em Dez – Raulino Silva e Rogério Meneses – Casa do Cantador – 11.11.2016
9. Mote em Sete – Geraldo Queiroga e Ramalho de Oliveira – Casa do Cantador – 09.12.2016
10. Mourão – Zé Moacir e Nelson Martins – Pé-de-Parede em Valparaíso – 17.06.2017
11. Nove Palavras Por Seis – Edvaldo Zuzu e Ismael Pereira – Casa do Cantador – 28.07.2017
12. Oitavão Rebatido – Chico de Assis e João Santana – Casa do Cantador – 14.07.2017
13. Quadrão da Beira Mar – Geraldo Queiroga e Messias Oliveira – Feira da Guariroba – 09.04.2017
14. Sextilha – Donzílio Luiz e Valdenor de Almeida – Casa do Cantador – 25.11.2016
15. Sextilha – Geraldo Queiroga e Jonas Andrade – Casa do Cantador – 30.06.2017
16. Sextilha – Messias de Oliveira e Gilberto Alves – Feira da Guariroba – 02.04.2017
17. Tem a Cara do Sertão – Jonas Bezerra e Zé Cardoso – Casa do Cantador – 28.10.2016
18. Vaquejada – Meu Antigo Passado – Francisco Manoel – Casa de Francisco Manoel – 18.06.2017
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